acho que um dos problemas do país é a seriedade. o brasil não tem formação séria, sempre foi palco das peraltices da elite, que nunca levou o país a sério. mas a seriedade de outros países (principalmente europeus, além dos eua), atrapalhou a brincadeira por aqui. e o país virou o que é. não é sério nem burlesco o suficiente para ser efetivamente algo. fica nesse vai-não-vai. sugiro que assumamos de vez nossa veia patusca. vamos abolir a quarta-feira de cinzas.
sexta-feira, 28 de abril de 2006
quarta-feira, 26 de abril de 2006
fotografia quântica
Como diria o poeta, Dificuldade do olvido.
Como diria o metafísico, quântica.
foto: J.P. Cilli e Marco
pé - a quântica infantil
QSEDQ no mundo da auto-ajuda (mas ainda quântico)
isso tudo é reflexo do nosso jeito reducionista de pensar a vida. pensamos em termos racionais, enxergando cada processo de forma isolada. se queremos viver bem, temos que ganhar dinheiro, então temos que trabalhar em algo que dê dinheiro. tudo bem, não vou negar a importância do dinheiro, por mais que isso cheire muito mal. é uma realidade que tem que ser vivida. mas sacrificar a única coisa que importa por isso é suicidar aos poucos. a única coisa que importa. é isso que você está fazendo agora e isso envolve diversos processos. viver. essa é a verdadeira realidade.
terça-feira, 25 de abril de 2006
conversas urbanas - continuação
foi estúpido!
mas você não vai me contar?
tá, conto...
então conta!
tá! foi assim... foi estúpido!
ai!
tá bom. eu tinha parado o carro na pista da direita daquela avenida, mas tinha ligado o pisca-alerta.
em fila dupla naquela avenida!?
é, mas com pisca-alerta!
hã...
então, aí veio o cara e bateu na traseira do meu carro, ali, com pisca-alerta e tudo e o cara vem e faz isso!
mas seu carro estava parado, não?
é.
e em fila dupla, né?
é...
então por que foi estúpido?
ué, porque tava com pisca-alerta!
mas você não vai me contar?
tá, conto...
então conta!
tá! foi assim... foi estúpido!
ai!
tá bom. eu tinha parado o carro na pista da direita daquela avenida, mas tinha ligado o pisca-alerta.
em fila dupla naquela avenida!?
é, mas com pisca-alerta!
hã...
então, aí veio o cara e bateu na traseira do meu carro, ali, com pisca-alerta e tudo e o cara vem e faz isso!
mas seu carro estava parado, não?
é.
e em fila dupla, né?
é...
então por que foi estúpido?
ué, porque tava com pisca-alerta!
segunda-feira, 24 de abril de 2006
a verdade - homenagem à cruz
chovia
fiéis aos céus
- que caia chuva!
cruz aprumada
multidão arriada
no rumo do raio
- nem a natureza respeita mais!
e ouviu-se um suspiro tenaz
o suspiro da eternidade
fiéis aos céus
- que caia chuva!
cruz aprumada
multidão arriada
no rumo do raio
- nem a natureza respeita mais!
e ouviu-se um suspiro tenaz
o suspiro da eternidade
mais sobre "a cruz"
24/04/2006 - 14h52
CIDADE DO MÉXICO, 24 abr (AFP) - Cindo adolescentes morreram na madrugada de domingo no México em conseqüência da queda de um raio sobre uma cruz situada numa colina durante os preparativos para uma cerimônia religiosa, no estado de San Luis Potosí (norte), informou a Defesa Civil.
Raio cai sobre cruz e mata cinco adolescentes mexicanos
CIDADE DO MÉXICO, 24 abr (AFP) - Cindo adolescentes morreram na madrugada de domingo no México em conseqüência da queda de um raio sobre uma cruz situada numa colina durante os preparativos para uma cerimônia religiosa, no estado de San Luis Potosí (norte), informou a Defesa Civil.
Uma forte tempestade elétrica ocorreu no momento em que as vítimas estavam junto a outras cerca de 50 pessoas realizando os preparativos para uma cerimônia religiosa que será realizada em 3 de maio na região. Doze pessoas também ficaram feridas.
quarta-feira, 19 de abril de 2006
poemas de avião (poesia quântica)
1. seu soneto de amor
meu coração tem pressa de viver
mas tem calma de te amar
minhas milhares de escolhas
têm certeza de você
me perguntaram o que queria
e eu não sabia responder
leram a minha mão
não tinham o que fazer
não viram meu futuro
só podiam ver você
2. vogal ou consoante vírgula interrogação
e lá peguei no frio
meu ônibus a tempo
meu pé tinha calo
de só cair do muro
de só brincar com fogo
foi só subir?
foi só lutar?
é só pegar um táxi
e fugir desse calor?
ah, essas consoantes
lá no meio daquelas vogais
com toda aquela pontuação
quem serei eu
quem será você
seremos nós
interrogação
meu coração tem pressa de viver
mas tem calma de te amar
minhas milhares de escolhas
têm certeza de você
me perguntaram o que queria
e eu não sabia responder
leram a minha mão
não tinham o que fazer
não viram meu futuro
só podiam ver você
2. vogal ou consoante vírgula interrogação
e lá peguei no frio
meu ônibus a tempo
meu pé tinha calo
de só cair do muro
de só brincar com fogo
foi só subir?
foi só lutar?
é só pegar um táxi
e fugir desse calor?
ah, essas consoantes
lá no meio daquelas vogais
com toda aquela pontuação
quem serei eu
quem será você
seremos nós
interrogação
segunda-feira, 17 de abril de 2006
O egoísmo de viver - um diálogo inacabado
segunda-feira, 10 de abril de 2006
liberdade (a cruz dois)
estive preso
por muito tempo estive preso
feito refém das minhas algemas
vivendo estive preso
estive bem
me tornei livre
saltei para o mundo livre dos livres
iluminado pelo terror do abismo do nada
do não se estar caindo
do não ser mal e não ter medo
o infinito terror do não amar e não ser amado
livre estaria triste
se tristeza não fosse presa
por muito tempo estive preso
feito refém das minhas algemas
vivendo estive preso
estive bem
me tornei livre
saltei para o mundo livre dos livres
iluminado pelo terror do abismo do nada
do não se estar caindo
do não ser mal e não ter medo
o infinito terror do não amar e não ser amado
livre estaria triste
se tristeza não fosse presa
enquanto estive preso
fui livre para ser triste
Foto: Carol Volpe
domingo, 9 de abril de 2006
quinta-feira, 6 de abril de 2006
outra conversa
pois é, meu carro foi guinchado ontem.
mas onde?
ali no começo daquela ruazinha curva que cai na avenida aqui, sabe?
aquela que vai por trás?
é, essa mesma.
xii, fala sério!
por que?
foi no comecinho dela?
foi.
putis!
o que foi?
rapaz...
fala!
é que ontem mesmo eu coloquei uma placa lá, de proibido estacionar...
o que!?
pois é, toda vez atrapalhava, os carros se espremiam...
mas onde?
ali no começo daquela ruazinha curva que cai na avenida aqui, sabe?
aquela que vai por trás?
é, essa mesma.
xii, fala sério!
por que?
foi no comecinho dela?
foi.
putis!
o que foi?
rapaz...
fala!
é que ontem mesmo eu coloquei uma placa lá, de proibido estacionar...
o que!?
pois é, toda vez atrapalhava, os carros se espremiam...
quarta-feira, 5 de abril de 2006
uma conversa
mandando mensagens eletrônicas, conversando ao telefone, nada demais.
hã...
tinha acabado de pedir um lanche para comer no escritório, não tinha muito trabalho e já era tarde.
que horas?
umas oito da noite.
sim, continue.
então fui para a janela espairecer, sabe? olhar os carros passando, sair da frente do computador, às vezes é bom. e tem ainda aquela esperança do motoqueiro chegar na hora que você está na janela, né?
a janela que dá de frente para a rua, então?
justamente.
sim.
foi então que o cara parou na frente do portão, apontou a arma para mim e gritou alguma coisa. eu fiz o movimento de sair da janela, assustei, né?
claro.
aí o cara atirou!
mas sem motivo nenhum?
pois é, ele atirou! quer dizer, acho que foi porque eu ia sair da janela, né? mas foi aí que a bala bateu na grade do portão e voltou na cabeça dele.
então não foi você quem atirou?
não! imagina! nem tenho arma nem nada.
hã...
tinha acabado de pedir um lanche para comer no escritório, não tinha muito trabalho e já era tarde.
que horas?
umas oito da noite.
sim, continue.
então fui para a janela espairecer, sabe? olhar os carros passando, sair da frente do computador, às vezes é bom. e tem ainda aquela esperança do motoqueiro chegar na hora que você está na janela, né?
a janela que dá de frente para a rua, então?
justamente.
sim.
foi então que o cara parou na frente do portão, apontou a arma para mim e gritou alguma coisa. eu fiz o movimento de sair da janela, assustei, né?
claro.
aí o cara atirou!
mas sem motivo nenhum?
pois é, ele atirou! quer dizer, acho que foi porque eu ia sair da janela, né? mas foi aí que a bala bateu na grade do portão e voltou na cabeça dele.
então não foi você quem atirou?
não! imagina! nem tenho arma nem nada.
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