Mostrando postagens com marcador QuemPrensa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador QuemPrensa. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 26 de maio de 2010

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Há quanto tempo

"... a vida é, em certa medida, quântica, já que se rege pelo princípio da incerteza e da indeterminação."

É o Ferreira Gullar, na FSP de ontem (19-10), explicando o título deste ignorativo e a nossa antiga atração pelo adjetivo (quântico) (esclarecendo: ainda antes d'O Segredo e etc...).

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Meninos, eu vi

O escritor me conhece, o fotógrafo não, mas todos conhecem a personagem.

terça-feira, 13 de maio de 2008

crise de indentidade - trânsito paulista

.


foto: antonio andrade - uol

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

E isso é só um blog amador...

Da Redação

No dia 05 de setembro de 2007, às 18h50m06s, uma pessoa residente no bairro da Graça, em Lisboa, Portugal, acessou o QSEDQ ao clicar num resultado oferecido pelo Google para uma pesquisa do termo "constelações". Tal usuário utilizava um Windows XP e um Internet Explorer 6. Suas configurações de vídeo eram de 800x600, com uma taxa de 32bits para cores.

Seu acesso foi registrado sob o nº 2916.

Aqui está o mapa da localidade donde, nas redondezas, estava sentado defronte seu computador quando acessou este ignorativo.


Ignorativo, e só um blog amador...

terça-feira, 21 de agosto de 2007

CLB

Outro dia começou a Copa de Literatura Brasileira.

Pronto, pode continuar.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Apocalipse Now!

Eu tenho minha teoria do Apocalipse e acho que todo mundo deveria ter a sua. Acho isso porque, na minha teoria, todos nós provavelmente estaremos vivos quando ele acontecer; na verdade, é mais grave: todos estamos colaborando com ele - que já está acontecendo há algum tempo.
Outro dia eu li uma reportagem sobre um sujeito já velho no mundo da Internet (ou seja, com seus 30 e poucos, 40 anos), que participou ativamente lá do começo do primeiro boom e que ainda está por aí. Ele falava mal da tal web 2.0. O que é isso? É isto; são os blogs, a Wikipedia e tudo isso que conta com a participação de todo mundo (teoricamente). Ele dizia que essa característica ilusoriamente democrática é, na verdade, uma patifaria. Que o mainstream, justamente por ser grande e limitado, por ser conhecido e tradicional, também é previsível: a gente sabe qual revista dá uma ajudazinha ao governo, sabe que aquela outra faz capas para vender e etc. Já com a internet, ou melhor, com a web 2.0, não se sabe quem faz a notícia. Vocês, por exemplo, que não me conhecem; imaginem que este blog não fosse este blog, fosse sobre política e nós fizéssemos um trabalho sério - só que voltado para alguma determinada corrente partidária (sutilmente, claro). Para o tal, esse é o perigo, a patifaria.
(Para outro, um cientista meio louco que implantou um chip no corpo para poder acender e apagar a luz com o movimento da mão (e que apareceu no Fantástico), a internet já é a máquina incontrolável que a ficção científica previa: segundo ele, na prática, não se poder mais pará-la.) Mas este parágrafo foi só um parêntese.
Bem, o que tudo isso tem a ver com a minha teoria do Apocalipse - já chego lá.
Andou muito na "pauta" de todos os noticiários (da internet ou não) a prisão do colombiano de apelido muito engraçado para um traficante internacional perigosíssimo: o Chupeta. Fosse Capeta ou mesmo Vampeta, tudo bem, mas Chupeta? Enfim. Eles estão avançados, muito mais do que eram na década de 80 (é o que esses noticiários fazem questão de frisar, sempre citando o cinematográfico Pablito Escobar). Agora, esse avanço todo (até submarino para levar droga para os EUA eles usam) tem lá seu custo. A lógica, para mim, funciona mais ou menos assim: eles cometem um crime; a polícia vai atrás; eles criam formas para não serem pegos; a polícia cria formas para pegá-los, e etc. No mundo econômico o raciocínio vira: dinheiro para fugir, dinheiro para pegar. Ou seja: os usuários pagam para os traficantes (aqueles que lhes possibilitam o uso) poderem continuar sua nobre função e os cidadãos (usuários e não-usuários) pagam para a polícia impedir que os traficantes sigam traficando. (Vamos deixar de lado os outros custos pagos pelos cidadãos, ok?).
Enfim, a pergunta inevitável: onde é que tudo isso vai dar?
E, mais, quêque o cu tem a ver com as calças?
Primeiro, para onde estamos indo, e em todos os casos aqui citados. Ora, tudo isso levará a uma coisa: a elitização. Traduzindo: quem tem mais dinheiro terá acesso a informações mais ou menos confiáveis (ou ao menos de uma confiabilidade previsível) e às drogas, caso se interesse por ambas. E claro que se interessam, afinal, o que move este nosso planeta repleto de seres humanos? Drogas e informações. Daí chegamos ao Apocalipse.
É que, como já deu para perceber, estamos no meio de um processo de desigualdade social cujo objetivo é gerar sempre um pouco mais de desigualdade (indiretamente, ao menos, se o objetivo, na verdade, é só dar mais dinheiro aos que já têm o tal). Como tudo está avançando muito rápido, naturalmente o fim também chegará mais rápido. Brasil, Índia, China estarão muito mais divididos do que estão hoje. Serão bilhões de pessoas privadas de informações e drogas (as ilícitas, pelo menos).
Se a economia dos EUA já está cambaleando e já se diz que esta crise atual representa um marco na divisão do poder americano com outros países, isso só fortalece essas bilhões de pessoas.
Agora, o que será o meu Apocalipse? Aí eu não sei, já fui longe demais para chegar até o fim... até defender os americanos eu já defendi. Mas me deixem ir um pouquinho mais.
A nossa querida Bíblia, se não me engano, diz que no fim Deus ficará com os bons e arrependidos e chutará os pecadores imperdoáveis para o inferno. Então, quer dizer, será, que o DINHEIRO é o tal Deus?
Agora entendi tudo, porque o Marx era ateu. Entendi.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Fato noti-ocioso

Da redação

Segundo registro da mais nova ferramenta tecno-informativa instalada neste ignorativo (clustr-map), fomos acessados por algum brasuca que fazia a travessia da fronteira mexico-norte-americana, em busca do eldorado americano. Imaginamos que o leitor - embora não haja muito o que ler aqui ultimamente - distraía-se no meio do deserto mexicano à espera de uma brecha para passar despercebido pelos guardas estado-unidenses.

Desejamos sorte ao corajoso compatriota na terra das batatas-fritas (são francesas ou americanas, afinal?) Oxalá você faça fortuna, amigo (amigo em espanhol mesmo)! Essa opção de deixar este país se faz cada vez mais forte e tentadora, principalmente com esses últimos atentados no país. Mas olha que há quem diga por aí que o Brasil virou país de primeiro mundo, pois até 11/09 à la tupiniquim nós arrumamos. A conclusão é de cada um, conforme a coragem (a saber se é mais corajoso o que fica ou o que se vai). ¡Suerte! A todos.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Literatura jornalística

O samba do soldador
Da Redação

Na tragédia do afundamento do buraco no metrô de São Paulo, emergiram como culpadas as empreiteiras: os novos bodes brasileiros. Câmeras escondidas na bolsa, manchetes explosivas e mais uma nova classe de termos para o nosso léxico de desgraças: bacalhau agora também é o que já foi a popular gambiarra. Do mesmo modo, surgiu uma nova profissão na lista negra dos profissionais do Brasil, que volta e meia inclui jornalistas, advogados, policiais e médicos; soldador ainda era inédito.
Jadiel* nasceu no interior de Pernambuco em 1971. Sua família vivia próximo a um engenho, onde prestavam todos o membros o serviço de bóia-fria. “Com o programa do álcool”, ele diz, “todo mundo teve trabalho, ganhou muito dinheiro. Dava até pra comer carne no almoço de domingo”. Mas depois as coisas foram piorando e, assim que Jadiel terminou a 8ª série, ou o ginásio da sua época, atendeu ao convite feito por uma prima ao seu irmão mais velho.
Em São Paulo foi se arranjando. Logo entrou no ramo da construção civil como auxiliar de um pedreiro que se simpatizou com ele. Mais tarde, aprendeu o ofício da solda e, com a nova técnica, conseguia arrumar serviço nas grandes obras tocadas pelas grandes empreiteiras.
“Não tem muita diferença entre construir casa de madame no Morumbi e uma estação de metrô”, afirma. Conta preferir “casa de madame” e justifica-se: “às vezes, a empregada vem trazer suco, café, lanche pros peões da obra, além da bóia, claro”.
Questionado sobre os problemas nas soldas da estação Fradique Coutinho do metrô, em São Paulo, onde trabalhou, Jadiel se mostra sinceramente alterado.
“Não entendi aquilo tudo. O senhor sabe, eu leio e assisto o noticiário. Sei ler e sei pensar, também. Muita gente por aí nem isso faz, não pensa, não quer saber, mas eu sim. Eles metem o pau nos bacalhau [sic], aqueles técnico contratado [sic], aqueles jornalista [sic], mas na casa deles aposto que é igual, que preferiram pagar menos pra fazer bacalhau do que a coisa certinha [sic]. Todo mundo faz bacalhau no Brasil, não faz? Não tem aquilo de jeitinho brasileiro? O Lula não veio falar em projeto pro Brasil crescer mais e tal? A Marta não fez um monte de escola por aí com latão? O Governo não foi tapar buraco no ano passado por causa da eleição, e jogou um piche com brita lá, jogou qualquer coisa que já tá tudo uma merda? E etc. etc. etc.? Olha, é tudo bacalhau, meu filho, tudo bacalhau. O Brasil é um bacalhau que só. Eu sou um bacalhau e tu provavelmente também é. Afinal, por que fui virar soldador? Um dia faltou o cara, me chamaram, me disseram ‘olha, faz assim e assado’ e pronto; em dois tempo eu já tava nas grande, aí [sic]. Aqui é assim, tá precisando a gente é, a gente é o que tá precisando, entende?, o que não deixa de ser um bacalhau, não é?”
E emenda com um repentino bom humor:
“Olha, e pra não dizerem que só fico falando mal, que fico de rancor, um dia aí tive até uma hora que fiz um sambinha com essa história toda que estava me aporrinhando, pra aliviar um pouco, né? É assim: (cantarolando) No Brasil, não tem baixo-astral/ Se o dinheiro não deu/ o financiamento não saiu/ faltou peça na caranga/ ou a comida da janta/ não faz mal/ não faz mal/ por aqui nós fazemo [sic] um bacalhau”.
E ele ri.

* Nome fictício.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Lobo Antunes

No meio da minha primeira leitura do cidadão, fico sabendo que ganhou o Prêmio Camões de 2007 (e embolsou uma bela grana). Leio "Os Cus de Judas" e, por ora, muito do recomendável - tsc, tsc, tsc, recomendando livro antes de terminar...

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Programa Não-Governamental de Democratização da Arte


Da Et Cetera #9

Saiu há um tempo a Et Cetera nº 9, da Travessa dos Editores - não confundir com a eletrônica revista etcetera. A edição é bonita e o material de dentro, na maioria, muito bom, mesmo. Dá vontade de comprar as anteriores. Alguns trechos de textos interessantes:

Eu no creio-no amor.
Eu num!
cacrinão!
As pessoa se quere comer. Se lambe. Se quere comer tudas. E tudinhorde, té aí. Mas quando quer comer só nenhuma, na certa, naquela (e isso só porque que a dita da outra (pessoa) tinhalá, seimelá, um nariz mais certo, que ela achava (a pessoa) que era o certo, ou uma bunda mais redonda, um brilho nozolhar) aí que elas inventa o treco do amor, pra poder dizer pras outras que era aquela que ela devia comer.
E ai se fosse só isso.
Mas aí elas conta praquela assim também, que que eu te amo, e meu amor, e coise tale tale coisa, e se come. Aí perde a graça e manda embora.
Ou não, porque costuma e melhor não que nada. Aí ficam-se a mando.
Isso que é o amor, amor.
Isso que é.

(Disjecta pedacia d'Orrato, do Caetano Waldrigues Galindo)


A mecânica quântica nos ensina que não se pode saber simultaneamente onde algo está e com que velocidade se move, e nem é possível prever exatamente o que acontecerá em qualquer circunstância. É impossível prever eventos futuros exatamente, quando nem sequer se consegue medir com precisão o estado presente do universo. Provavelmente ninguém entende a mecânica quântica.

(Como não se precipitar em sonhos?, do Pedro Maciel)


Ainda lá, há uma chamada para o site Rattapallax. Não sei direito o que é; posso definir como uma publicação novaiorquina e multimídia de arte contemporânea, com destaque também para a arte brasileira, como Arnaldo Antunes na poesia e Caetano Veloso, Arto Lindsay, Bebel Gilberto e grupo Zuco 103 na música (conforme o artigo publicado na FSP por Manuel da Costa Pinto). A pubicação é distribuída no Brasil pela Editora 34 e parece que o preço de capa é 25 r$ - aliás, o mesmo preço da própria Et Cetera.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Desconcertos

Do amigo, por ora virtual, Tony Monti (link do blog na coluna da direita):


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Whuffie

O Cris Dias cantou e eu reverbero. Informe-se você mesmo na fonte, e depois responda: como anda seu patrimônio?

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Plantão QSEDQ

Da Redação

A Redação acaba de receber uma ligação anônima informando que o escritor Galberti Mainardi, desaparecido desde o último 04 de dezembro, quando misteriosamente sumiu ao meio da procissão de Santa Bárbara em Patchuco, foi visto na fronteira tríplice Brasil-Argentina-Paraguai. As autoridades investigam uma possível ligação do barbudo escritor com Osama Bin Laden e a mundialmente conhecida Al Qaeda (o que repelimos veementemente).

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Nota de Desaparecimento

Da Redação

Desde o dia 04 de dezembro está desaparecido Galberti Mainardi, 26. Pedimos aos que souberem de qualquer informação que leve à solução de seu paradeiro, que entrem em contato com a redação. Será recompensado.
Galberti foi visto, pela última vez, por um taxista que o deixou na procissão de Santa Bárbara, ocorrida na manhã daquela segunda-feira, na cidade de Patchuco. A foto divulgada pelas autoridades locais mostra a procissão que contou com algumas dezenas de pessoas. O motorista que o conduziu do hotel ao cemitério de onde saiu a procissão, interrogado pela polícia, relatou que o escritor vestia uma jaqueta cor káki, uma calça preta de moletom com os vincilhos desamarrados e levava consigo uma maleta de couro marrom. Disse, ainda, que levava um ar de preocupação e parecia atabalhoado. A queixa de desaparecimento foi dada à polícia pelo gerente do hotel em que Galberti se hospedava, que notou a ausência do hóspede na manhã da quarta-feira. Galberti era devoto de Santa Bárbara e supostamente voltava a Patchuco para agradecer uma graça alcançada.
As autoridades, no entanto, suspeitam que as ligações de Galberti com o escritor e jornalista de sobrenome homônimo, Diogo Mainardi, pode ter sido a causa de um suposto crime de vingança, mas ainda não têm qualquer indício sobre o parentesco ou mesmo sobre a relação entre ambos polêmicos escritores.
Outro linha investigativa seria uma secreta ligação mantida entre Galberti e a poderosa máfia local de Patchuco. Comandada pelo Señor Alvarez, el Chuco, essa organização criminosa domina o cartel mundial de suprimentos para máquinas de datilografar, além do concorrido mercado de antigüidades gráficas. O mais recente levantamento das autoridades locais estima que o Cartel de Chuco movimentou em suas contas espalhadas pelo mundo valores superiores a milhões de dólares, em 2006, contrabandeando, inclusive, cerca 3 mil unidades de fitas-refil para datilográficos de todo o mundo. A participação de Galberti no esquema, entretanto, ainda é obscura e incerta.
Alguns amigos mais próximos não descartam a possibilidade de Galberti ter forjado seu próprio desaparecimento. Eles relatam que ultimamente o escritor vinha apresentando períodos longos de ausência e, contrariando sua natureza, deixava freqüentemente crescer sua barba e seus cabelos.
A redação conversou com um colega do desaparecido, que preferiu não se identificar. Ele confessou que sua opinião particular é de que a solução do caso reside em duas probabilidades.
A primeira é de que Galberti teria se ensandecido com a leitura diuturna de clássicos russos e partiu para Kiev acreditando ser ele mesmo algum escritor cujo nome termina em -ski - em sua época psicológica, Kiev ainda pertencia à Rússia. Ele reforça essa possibilidade com um diálogo que teve com o procurado há aproximadamente uma semana antes da viagem à Patchuco.
Durante a conversa, Galberti teria contado, de forma estranhamente apaixonante, o modo como Trótski morrera em sua casa, golpeado na cabeça por um piolet. Galberti estava começando a escalar. Estaria ele tentando redimir a vida e a morte do escritor russo, outro famoso devoto de Santa Bárbara? O colega acredita que não: segundo ele, Galberti tinha aversão a marxistas.
Ele acredita na segunda possibilidade: Galberti nunca existiu e foi ao cemitério para, então, nascer. O amigo compreende a dificuldade de se entender tal afirmação, mas lança uma bomba: "Galberti nunca foi um sujeito descomplicado". Ele acredita, pela leitura dos escritos deixados pelo escritor, que este vivia em um estado psicológico de não-ser e que só poderia se libertar da inexistência e adentrar num mundo de opostos, onde finalmente poderia ser reconhecido como o que realmente viria a ser, quando provocasse em si mesmo o que chamava de Salto Dialético. Ele conecta diversos indícios da obra e da vida do escritor que apontam para essa possibilidade:
- Galberti exercia trabalho voluntário na favela de Heliópolis.
- O escritor queria ser, na verdade, um famoso escalador.
- O desleixo com a barba e o cabelo seriam, na verdade, um recado do seu Id de que queria ser decapitado, ou seja, romper seus laços com o Grande Pai e a Grande Mãe e, assim, finalmente ser tido como um ser que realmente se é.
- Sua banda musical preferida é o praticamente desconhecido trio de música experimental chamado "Hegel e o Salto Dialético".
- Um de seus famosos contos fantásticos narra a história de um homem rico sendo frito (fried-rich) pelo Rei Guiherme VI (Wilhelm) em uma grill George Foreman Jumbo (Georg): o nome completo de Hegel era Georg Wilhelm Friedrich Hegel.
Coincidências ou premeditação, é algo extraordinário, como tudo aquilo no que Galberti se envolvia (inclusive este site). Até o momento, as investigações das autoridades de Patchuco prosseguem sem qualquer pista concreta.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

notícias do distante mundo da advocacia

Para alguma coisa a carteirinha da OAB e os anos de imersão no mundo jurídico me valem. Com certa distância pode-se aproveitar um senso do que vai por caminhos com melhor ou pior cheiro. Ao fato, a justiça ordenou que os provedores impedissem o acesso dos seus usuários ao YouTube. Fosse só pela proibição já seria um absurdo facilmente capaz de fazer com que qualquer brasileiro com uma vaga noção da história recente lembrasse do termo censura – e foi o que os meios de comunicação se apressaram em fazer. No Brasil, qualquer coisa que mexa com a imprensa ou o que se possa entender como tal já é logo taxada de censura, mas essa é outra extensão do assunto. No seu interior, vemos a incapacidade do judiciário pensar em sintonia com a atualidade e com a realidade. Como uma China ou a antiga União Soviética pretende estender uma cortina impedindo que os milhões de brasileiros com acesso à internet possam acompanhar tudo o que se pode acessar pelo site de vídeos recentemente vendido por bilhões de dólares à Google. O YT, em certa medida, revolucionou, como fizeram antes outras iniciativas, as potencialidades da internet e as previsões de futuro das mídias tradicionais. Mas vai um desembargador solenemente sentado em seu gabinete no belo prédio do TJ de São Paulo ordenar que um assessor apronte um despacho: “j. bloqueiem-se” o YT. Brasileiro nenhum pode acessar qualquer coisa que seja. Mas agora vem o motivo de tal decisão, que nos força até a desrespeitar a nossa Constituição (constituição? do que?) e rir. Sim, um raro caso em que a justiça, apesar de tudo, torna nosso dia mais alegre (ver texto abaixo): bloqueando o acesso de todos brasileiros ao YT eles querem, na verdade, nos proibir de assistir ao vídeo da Cicarelli! Não é preciso dizer mais, todos sabem o que é o vídeo da Cicarelli, o que ela e o namorado fizeram, onde fizeram, como fizeram – e os que não o receberam por e-mail podem acessá-lo em diversos sites espalhados pela rede. O desembargador diz que queria tirar somente o vídeo do ar, como se isso fosse, na prática, possível. O advogado do casal diz que queria mesmo era punir o site por não tirar o vídeo. O técnico responsável pelo laudo que deu suporte à decisão diz que o que vale é a interpretação do desembargador do seu próprio despacho. Bem, a Google, além da aquisição do site-sensação, parece também ter comprado mais um problema com a justiça brasileira.

****

Tenho perdido muito tempo ultimamente com a justiça pelo simples fato dela não se dar bem com internet. Certidões que poderiam ser acessadas pela rede e impressas em casa me obrigaram a ir aos fóruns, enfrentar filas inacreditáveis e, como ocorreu hoje no fórum trabalhista, esperar por três horas para o funcionário público imprimir as duas folhas na minha frente e me cobrasse algo em torno de onze reais por isso. Bem, está lida a piauí do mês.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Então é isso? (A notícia* presenciada)

É começo de noite, estou subindo a alameda Campinas e, ao cruzar a Lorena, passa por mim um sujeito correndo. Quem será que ele deve ter assaltado, penso em humor negro e, em seguida, me arrependo levemente do preconceito. Alguns metros à frente vejo um burburinho e, ao me aproximar, um garoto de uns 10 anos está sentado no canteiro de uma árvore. Ele está em choque, não chora, não fala, só tem os olhos arregalados de um susto que permanece nele. Quando perguntam se ele levou um tiro, vejo na sua camiseta branca um buraco grande um pouco abaixo do peito esquerdo, muito sangue, nenhum buraco e nenhum sangue na parte de trás da camiseta, mas muito sangue na bermuda e nas pernas. O garoto olha para o nada, olha para o buraco na camiseta, e volta a olhar para o nada, que é para onde devem olhar os apavorados. Ele tem os braços levemente levantados e as mãos espalmadas no ar, com as palmas voltadas para o buraco; as mãos deviam dizer "what the hell?!" ou "então é isso?!". A mãe, ou uma mulher que estava ao seu lado, responde que sim, ele foi baleado, e talvez seja a única coisa que ela saiba responder naquele momento. O garoto tem a boca levemente aberta, como se aquele buraco mantivesse seu espanto vivo; mas o espanto ficará na memória do garoto, que aos 10 anos saiu de casa, talvez para comprar picolé na padaria, e levou dois tiros, nenhum deles com atirador conhecido. Talvez um passou ao meu lado correndo.
* FSP (25/10/2006) Tiroteio fere garoto na alameda Campinas
Policiais militares trocaram tiros com acusados de roubar um carro na noite de ontem; garoto, de 10 anos, não corre risco de morteDois dos quatro criminosos foram presos; ainda não se sabe se tiros que acertaram a criança partiram das armas dos PMs ou dos ladrões
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
Um menino de dez anos levou dois tiros durante um tiroteio entre policiais militares e assaltantes de carro, na noite de ontem, na alameda Campinas, nos Jardins (zona oeste de São Paulo). Ainda não se sabe se os tiros que acertaram o garoto partiram da arma dos policiais ou dos criminosos.O menino Diego foi levado pela PM ao Hospital das Clínicas e não corre risco de morte. As balas lhe atingiram a perna direita e o tórax. Até o fechamento desta edição, médicos avaliavam se ele teria de passar por uma cirurgia.O assalto ocorreu a poucos metros do local do tiroteio, na esquina da alameda Jaú com a avenida Brigadeiro Luís Antônio. Por volta das 19h30, dois homens -um deles armado- abordaram a dona de um Fox e a obrigaram a deixar o veículo. A vítima, que não quis se identificar, disse que, logo depois, pegou um táxi, que passou a perseguir o Fox. No caminho, o táxi cruzou com PMs, e o taxista lhes contou sobre o ocorrido.Segundo a polícia, havia quatro homens no Fox quando o carro foi abordado, e um dos criminosos saiu atirando. Na troca de tiros, Diego, que ia com a mãe para casa, nas proximidades, acabou ferido.Dois dos criminosos, que não estavam armados, foram presos e encaminhados ao 78º DP. Outros dois conseguiram fugir.As armas dos policiais envolvidos no tiroteio serão levadas à perícia, que irá investigar se os tiros que acertaram o garoto partiram delas.Policiais civis do 78º DP não quiseram dar informações sobre o caso. Oficiais da PM presentes no DP também se recusaram a falar.

quarta-feira, 17 de maio de 2006