Eu tenho minha teoria do Apocalipse e acho que todo mundo deveria ter a sua. Acho isso porque, na minha teoria, todos nós provavelmente estaremos vivos quando ele acontecer; na verdade, é mais grave: todos estamos colaborando com ele - que já está acontecendo há algum tempo.
Outro dia eu li uma reportagem sobre um sujeito já velho no mundo da Internet (ou seja, com seus 30 e poucos, 40 anos), que participou ativamente lá do começo do primeiro boom e que ainda está por aí. Ele falava mal da tal web 2.0. O que é isso? É isto; são os blogs, a Wikipedia e tudo isso que conta com a participação de todo mundo (teoricamente). Ele dizia que essa característica ilusoriamente democrática é, na verdade, uma patifaria. Que o mainstream, justamente por ser grande e limitado, por ser conhecido e tradicional, também é previsível: a gente sabe qual revista dá uma ajudazinha ao governo, sabe que aquela outra faz capas para vender e etc. Já com a internet, ou melhor, com a web 2.0, não se sabe quem faz a notícia. Vocês, por exemplo, que não me conhecem; imaginem que este blog não fosse este blog, fosse sobre política e nós fizéssemos um trabalho sério - só que voltado para alguma determinada corrente partidária (sutilmente, claro). Para o tal, esse é o perigo, a patifaria.
(Para outro, um cientista meio louco que implantou um chip no corpo para poder acender e apagar a luz com o movimento da mão (e que apareceu no Fantástico), a internet já é a máquina incontrolável que a ficção científica previa: segundo ele, na prática, não se poder mais pará-la.) Mas este parágrafo foi só um parêntese.
Bem, o que tudo isso tem a ver com a minha teoria do Apocalipse - já chego lá.
Andou muito na "pauta" de todos os noticiários (da internet ou não) a prisão do colombiano de apelido muito engraçado para um traficante internacional perigosíssimo: o Chupeta. Fosse Capeta ou mesmo Vampeta, tudo bem, mas Chupeta? Enfim. Eles estão avançados, muito mais do que eram na década de 80 (é o que esses noticiários fazem questão de frisar, sempre citando o cinematográfico Pablito Escobar). Agora, esse avanço todo (até submarino para levar droga para os EUA eles usam) tem lá seu custo. A lógica, para mim, funciona mais ou menos assim: eles cometem um crime; a polícia vai atrás; eles criam formas para não serem pegos; a polícia cria formas para pegá-los, e etc. No mundo econômico o raciocínio vira: dinheiro para fugir, dinheiro para pegar. Ou seja: os usuários pagam para os traficantes (aqueles que lhes possibilitam o uso) poderem continuar sua nobre função e os cidadãos (usuários e não-usuários) pagam para a polícia impedir que os traficantes sigam traficando. (Vamos deixar de lado os outros custos pagos pelos cidadãos, ok?).
Enfim, a pergunta inevitável: onde é que tudo isso vai dar?
E, mais, quêque o cu tem a ver com as calças?
Primeiro, para onde estamos indo, e em todos os casos aqui citados. Ora, tudo isso levará a uma coisa: a elitização. Traduzindo: quem tem mais dinheiro terá acesso a informações mais ou menos confiáveis (ou ao menos de uma confiabilidade previsível) e às drogas, caso se interesse por ambas. E claro que se interessam, afinal, o que move este nosso planeta repleto de seres humanos? Drogas e informações. Daí chegamos ao Apocalipse.
É que, como já deu para perceber, estamos no meio de um processo de desigualdade social cujo objetivo é gerar sempre um pouco mais de desigualdade (indiretamente, ao menos, se o objetivo, na verdade, é só dar mais dinheiro aos que já têm o tal). Como tudo está avançando muito rápido, naturalmente o fim também chegará mais rápido. Brasil, Índia, China estarão muito mais divididos do que estão hoje. Serão bilhões de pessoas privadas de informações e drogas (as ilícitas, pelo menos).
Se a economia dos EUA já está cambaleando e já se diz que esta crise atual representa um marco na divisão do poder americano com outros países, isso só fortalece essas bilhões de pessoas.
Agora, o que será o meu Apocalipse? Aí eu não sei, já fui longe demais para chegar até o fim... até defender os americanos eu já defendi. Mas me deixem ir um pouquinho mais.
A nossa querida Bíblia, se não me engano, diz que no fim Deus ficará com os bons e arrependidos e chutará os pecadores imperdoáveis para o inferno. Então, quer dizer, será, que o DINHEIRO é o tal Deus?
Agora entendi tudo, porque o Marx era ateu. Entendi.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
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