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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

As belas que nos perdoem

Tive um site numa época em que site pessoal ainda não era blog, era site pessoal. Nessa época, a gente usava o Geocities para hospedar as páginas que a gente escrevia no bloco de notas, com os códigos de html. Ainda se usava muito o windows 3.1 ou 3.11 para workgroups (creio que corresponde ao home e professional de hoje em dia), com o comando "win" no DOS para abrir o windows. Outro dia abri o DOS; com exceção do primeiro código que "aprendi" (na verdade foi um chute: digitando - com muito custo - aleatoriamente umas palavras no DOS de um daqueles 286, saiu um "cd", as iniciais do nome do meu pai, já que o computador era da empresa dele), não lembro nenhum comando mais. A gente criava arquivos executáveis (*.bat) também no bloco de notas. Usava o ARJ para compactar e tinha de decorar os atributos do comando. "Deltree *.*" era um palavrão. Quando surgiu a internet, modem era uma novidade excitante. O barulhinho que fazia (e que há tempo não ouço) era algo esperado - a gente nunca tinha certeza se iria conseguir se conectar. Arquivo MP3, quando surgiu pra ser tocado no Winamp, era um troço gigante. Para isso e para baixar outros arquivos grandes (acima de 1MB) havia um programinha cujo nome já não lembro, mas que tinha uma função essencial: se no meio de um download a conexão caísse (ou alguém da família quisesse usar o telefone, porque também não havia muito essa coisa de celular e muito menos banda larga), o programa reiniciava do mesmo ponto que havia parado. Esse foi o primeiro passo para podermos começar a baixar arquivos maiores. Email grátis, se não me engano, não eram tantos. Me lembro do Yahoo, do Hotmail, do Zipmail, do BOL. Pesquisa a gente fazia no Cadê?, onde os sites se registravam de acordo com categorias. Tinha também o Altavista, mas esse eu quase não usava; acho que veio depois, sei lá. Provedores eram poucos, pior pra mim que vivia numa cidade do interior. Mas tinha as intranets, onde eu primeiro vi essa coisa do bate papo. Porque aí vieram o ICQ e o bate-papo do UOL. O ICQ deve ter tido uma importância fundamental na minha vida porque ainda hoje me lembro meu número: 15105870. Esse, na verdade, foi o segundo, porque o primeiro se perdeu com alguma senha esquecida ou algum pau, que naquela época dava pau se algum f.d.p. enviasse algo como um bombardeio de mensagens ao mesmo tempo para você (e havia programinhas maldosos que faziam isso). Mas, bem, como eu ia dizendo, tive um site com um tio e uns amigos, que hoje provavelmente chamariam de blog. E hoje, tenho o que chamam de blog. Eu continuo chamando de site ou, ocasionalmente, ignorativo. Não sou um grande revoltoso com relação às expressões estrangeiras, mas blog (sim, blog é uma palavra estrangeira) é uma palavra muito feia. Blogue, blogar, blogueira/o. Muito feia. Tinha uma época, aliás, que os escritores simplesmente deixavam de usar uma palavra, ainda que portuguesa, porque era feia; mas isso foi coisa do Machado de Assis. A gente é moderno; o moderno é, tem que ser democrático; no moderno a feiúra tem seu espaço. A gente não perdoa o Vinicius: não há preferência, não há nada fundamental.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

sábado, 10 de fevereiro de 2007

O Teatro Quântico

Quando o último Papa, o Wojtyla, morreu, fiquei triste, minha garganta fechou e no escuro do meu quarto acendi uma vela em sua homenagem – imagino que Papas devem gostar de velas, o que fiz questão de deixar instantaneamente registrado em uma fotografia da minha Polaroid. Para mim, ele foi o último dos branquelos chefes do Vaticano, pelo menos até agora, porque este alemão-com-cara-de-malvado não é um Papa. Está mais com cara de amigo do Berlusconi e confidente do Bush do que de Papa. Mas não é esse o caso.

Não o conhecia muito bem, o falecido. Via o velhinho da sua janelinha no Vaticano, dizendo umas coisas sempre com sotaque estranho e esse era todo o contato que tínhamos. Ele era o Papa, mas ainda assim se equiparava, no setor de cognição do meu cérebro, à mendiga que via todo dia na calçada da minha rua. Com todo respeito a ambos. Fato foi que eu mesmo não entendi a minha reação com a morte do pontífice Josef.

Não depositei a responsabilidade no título da universidade que eu cursava – a Pontifícia de São Paulo, cujas lembranças estão mais para Fernandinho Beira-Mar e Marcola que o Papa em si. Muito menos em sentimentos nostálgicos do colégio de freiras que estudei do Jardim I até meados da sétima série.

Talvez sentisse de forma reflexa a tristeza profunda que deve ter abatido o nosso enorme povo arrebanhado pela santa igreja apostólica romana; o povo brasileiro de verdade, que tem índio e negro e português e sabe-se-lá-mais-o-quê no sangue. Já que Iemanjá nem Tupã vão morrer, já que nem Jesus, que já tentou, morre mais, esse povo católico (mas meio de esguelha) teve o direito de chorar a ida do único mortal que podiam idolatrar unanimamente. Os sucessos das suas visitas bem mostravam isso, ainda que contassem com o atrativo dos shows do Rei. E nem o Lula morreu nesse interregno para sabermos a verdadeira devoção sentimental do brasileiro ao presidente.

Mas acho demasiada essa minha pretensa super-sensibilidade. Ela não me convence sozinha.

Tampouco haveria de ser alguma verve católica da minha parte. Até fui batizado na Igreja Matriz de uma cidadezinha, prima-comunhado em outra Igreja Matriz de outra cidade e, como disse, estudei anos em colégio de freiras. Mas depois me neguei tão peremptoriamente a possibilidade de fazer a Crisma que não houve mais insistência familiar. Hoje Jesus é uma lenda-espelho de Buda, que é outra lenda, e a Bíblia um compilado de lendas vertidas num códice por interesseiros da antiguidade. Tudo com seu devido valor - devido.

O que foi aquilo, então, meu deus?

As forças midiáticas agindo sobre minha mente indefesa?

Dada a minha midiafobia, mesmo ainda em estado inicial, não creio seja essa a resposta.

Coincidência com um meu estado de fragilidade em virtude de uma crise (i) existencial, (ii) amorosa, (iii) familiar, etc? Nãão... não havia crise competindo com o plantão da Rede Globo e as manchetes do UOL.

Foi então que, um ano e tanto depois, o finado Karol me emocionou novamente, agora com o auxílio evidente de artimanhas midiáticas. Isso quando assisti a um filme – patrocinado pelo Vaticano – sobre a história do tal polaco. O roteiro ia da sua infância à eleição vencida no Vaticano. Passava pela perseguição nazista, a morte do pai e dos amigos, o amor de uma mulher renegado pela batina, a pregação, os supostos milagres que justificaram sua santificação-relâmpago, etc. Então e só então aquele sentimento no meu quarto escuro fez sentido; quem viu o filme com o mínimo de sensibilidade deve ao menos compreender o que digo. Nesse tipo de película nos esquecemos de qualquer discussão sobre as maldades que o bom protagonista defendeu para nos concentrarmos nas coisas boas e capazes de nos emocionar – exercício, aliás, que pode ser praticado de vez em quando com relação a outras coisas neste mundo. Ademais, eu até concordo com a sua contrariedade à camisinha, embora tenhamos, eu e ele, motivos distintos para tanto; mas os motivos não importam quando chegam ao mesmo lugar.

Era a hora certa de entrar em cena. Foi só então que se fecharam as cortinas. Os sentimentos me mostraram que nada têm a ver com esse Tempo que me empurra o tempo todo. Eles se interconectam quanticamente como se estivessem lado-a-lado no mesmo palco e na mesma peça, ainda que anos ou quilômetros distantes entre si; se explicam, se completam, se relacionam, travam diálogos e desfilam monólogos, tudo neste palco aqui: eu. O caso do Papa foi uma peça no meio de outras infinitas que nem sei se começaram e ainda vão terminar, ou se já terminaram e ainda vão começar. Neste meu teatro quântico particular nem eu tenho voz; não posso escolher a hora de entrar ou sair de cena: sou só o palco.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

trecho de um diário

Ficamos assim um tempo, com o pensamento abalado pela lua, sem falar um com o outro, cada um fazendo suas coisas, sem tentar falar quando o silêncio constrange, sendo que ele é adequado e até necessário e não deve ser interrompido por manifestações artificiais. Os mosquitos picavam nossos pés, o que nos fazia olhar pro outro enquanto os caçava, mas logo voltávamos às nossas coisas. Eu escrevendo e desenhando, ele escrevendo mensagens no celular para suas “menininhas”.