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terça-feira, 23 de agosto de 2011

descarga

os técnicos passaram com o caminhão da companhia de eletricidade distribuindo a nova fiação pelas ruas e o zelador estava ocupado em cortá-la para ligar ao circuito do prédio quando chegamos e não pudemos entrar com nosso carro. pulamos a grade por um canto com as pizzas e os refrigerantes na mão e atravessamos uma bacia de areia cheia de cacos de vidro de garrafas de bebidas alcoólicas para chegarmos no nosso apartamento. como estava com os pés carregados de areia, gastei um bom tempo batendo-os no capacho da porta do banheiro, cômodo no qual estava resumido nosso apartamento. senti orgulho da minha conduta, como uma criança que aprendeu a andar, talvez. e talvez por isso, mas isso é incerto, juntei dois pedaços de pizza, piquei-os como folhas de papel e, mediante um raciocínio meio melindroso, conclui que seria mais adequado jogar os pedaços no vaso sanitário - o que, naturalmente, só me fez mais orgulhoso de mim.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O André descia na frente um caminho que dava na praia. Havia coqueiros em toda encosta e um grupo de quatro pessoas os balançava na esperança de que um coco caísse. O André, deixando-se embalar com a descida, deu uma voadora num tronco e dois cocos caíram. Um se esborrachou e o outro, meio franzino, caiu no mato e rolou até uma moita. Enquanto o André chorava pelo que tinha se partido e já tentava comer a polpa, os quatro sujeitos se deram conta do que havia acontecido e concluíram que tinham direito àqueles cocos. Algum direito, pelo menos. Eu vinha subindo a encosta com o coco inteiro nas mãos, chacoalhando-o para conferir a existência de líquido, quando vi os brutamontes se aproximando do André. Não queriam saber de muita conversa, queriam seus cocos. O André tentou argumentar (como sempre), mas vendo que isso não nos levaria a nenhum lugar além da pancadaria, adiantou-se por um atalho e, com o pedaço de coco que tinha nas mãos, acertou a têmpora do maior deles, curiosamente chamado Maguilha, com LH mesmo. Diante dos 2 segundos de choque sobre a turba, acompanhei o André no seu atalho e arremessei (se é que um arremesso a 50 centímetros de distância pode ser chamado de arremesso) o meu coco na cabeça de outro sujeito, que rolou por uns 10 metros encosta abaixo.
A praia continuava lá em frente, atrás do coqueiral. Enquanto a pancadaria rolou, equilibrada no número de lutadores, podíamos ouvir as ondas e as vozes das crianças na areia. Era lá que queríamos estar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

a canoa tombava a toda hora e a cada hora uma das amigas desistia, até a hora em que ela ficou sozinha. na sua cabeça estava cercada por tubarões mas lá fora um pinguim nadava tranquilamente.

sentada num rochedo, observava as ondas investirem para o alto. depois delas, continuava olhando para o mar e as ondas.

na areia, reencontrou todos, mas um medo persistia. era uma charada.