quarta-feira, 14 de setembro de 2005

No meio do caminho ou Aos 23 e 4 meses



No meio do caminho, me atinei de tudo aquilo. No meio de toda a indecisão de ir ou não ir, percebi que já não tinha escolha. Ou tinha? O caminho estava traçado, e com letras grandes; quase impossível que eu não visse por onde eu deveria ir. Tudo me indicava o que fazer. Mas não sei por que aquilo tudo não me atraía mais. Antes, de longe, me parecia um mundo atraente, prazeroso, e fácil, muito fácil. Todos parecendo felizes - e talvez até sejam -, pessoas de sucesso, a fórmula da felicidade na sua pura aplicação.
Teria permanecido assim se eu não tivesse pensado, se eu não tivesse me atinado de tudo aquilo. Desejei estar ali, chegar até ali, mas quando já ali desejei não ter visto, não ter sentido, simplesmente queria ter seguido; como teria sido mais fácil, Deus como teria sido mais fácil! Acho que se pudesse escolher naquela hora, optaria pela cegueira, por não ver, ou por uma simples e forte miopia. Bem-aventurados aqueles que não vêem, já me diziam (por que raios não ouvi? nunca ouço). Sem dúvida a felicidade fácil mora ali, naquele caminho seguro por onde muitos passaram. Tudo à mão, tudo na prateleira do supermercado; a felicidade embalada para viagem... E nem fechar os olhos consigo mais, nem isso me resta. Me vejo quase sozinho, a solidão à flor da pele, queimando como uma ferida aberta. Onde é que estão as pessoas?! Onde é que elas se meteram?! Não é possível que não vejam, não vêem!
É, Marco, ao contrário do que imaginou, que difícil fazer um novo caminho no meio da areia virgem...

2 comentários:

João Pedro disse...

Viu, compra-se tudo pronto e se satisfaz com isso. Certo? errado? Estou batendo igual um passarinho no vidro. Afinal, o que é certo? O que é errado? Você segue os caminhos que sua loucura (ou sua consciência, depende do ponto de vista) te indicou e depois ela muda, porque ela é assim, e você a segue cego, mesmo achando que enxerga demais. Esse texto dá uma boa reflexão sobre os traços que damos na nossa vida (e a foto mostra muito isso, com os traços cortando em diagonal, quase violentos). Qual a função do atravessar a rua se o que se quer mesmo é continuar? Diriam: "carpe diem"! Então saia da faixa de pedestre! Mas aí não reclame da solidão, da falta de educação dos motoristas, etc. Sair do caminho é assim, não é? Mas por que areia virgem (não pelo virgem, mas pelo areia)?

Marco disse...

É verdade, ou não é... sei lá, não sei mesmo. Acho que o bom é ser cego, ou no mínimo bem míope. Uma verdadeira putada essa história toda!
A areia por dar mais idéia de caminho virgem...