quarta-feira, 19 de julho de 2006

Noite






É noite, sinto que é noite.
Não, querida. Olhe.

5 comentários:

Anônimo disse...

Passagem da Noite
Carlos Drummond de Andrade

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos!
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!

Anônimo disse...

Mas querido, não será a luz da varanda que você deixou acesa?

Anônimo disse...

ei, vc nao responde mais email? Brasilia é tão bom assim?
Ale

Anônimo disse...

amigo
vc veio aqui me visitar e eu não tava? não é porque eu sou marajá, não. O buraco é mais embaixo. Liga para mim que eu preciso contar para você um monte de coisas. A bezerra anda agonizante.
Beijo
Ale

Anônimo disse...

é... nada disso tem importância.