- Vamos tirar o ciúme do dicionário?
- Como??
- Isso, nós podemos apagá-lo do dicionário e quem sabe assim ele não nos atormenta mais. Porque, convenhamos, quem gosta de ciúme? Ninguém! Nem o dicionário sabe explicar direito o significado dessa praga. Li outro dia e dizia algo de egoísmo, mas não sei se é isso. Eu posso dar a seguinte definição para ciúme: sentimento inútil que não leva a nada, mas apenas ao sofrimento daquele que o sente, além de poder causar brigas entre o enciumado e quem desencadeou o ciúme.
Posso ainda descrever a maneira de senti-lo assim: ardor no peito, acompanhado de calor repentino, inquietação e, posteriormente, sentimento de ânsia e enjôo.
- Tá, continue...
- Há também os tipos de ciúme. Veja só.
Ciúme do passado: dificuldade de lidar com o agora/o presente - que é o que vale - e de reconhecer, por outro lado, que o passado também contribuiu para as características atuais da pessoa. Ou seja, alguém é assim hoje pelas experiências que viveu até agora e a razão de cruzar com outro alguém pode estar justamente nessa vivência anterior.
Ciúme de amor: pode ser entendido como insegurança em relação ao ser amado.
Ciúme de amigo: sentimento de posse, egoísmo acompanhado de uma insegurança intensa do enciumado quanto aos seus valores perante o amigo.
Ciúme das coisas inanimadas: materialismo exacerbado.
- Calma, mas você que está concluindo essas definições. O dicionário não traz tudo isso.
- Tá, tá, eu sei, mas todo esse desenrolar só surgiu porque o dicionário criou o ciúme. E então, se optarmos por tirá-lo do dicionário, a sociedade nem saberá que ciúmes existem! Tudo bem, terá a fase de transição devido às pessoas que ainda conhecerão o antigo dicionário, mas com o tempo isso irá se apagando...
- Não, não dá.
- Mas por que não??? Vamos revolucionar!
- Você já assistiu a “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças”?
- Hã?
- Pois então assista e você entenderá; não adianta tentar apagar tudo e tentar procurar as raízes, porque o sentimento em si não se apaga. Faz parte do íntimo humano.
- Mmmmm (pensando)... Ah, mas tirar o conhecimento da sociedade pode ser um passo, vai...
sexta-feira, 18 de maio de 2007
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