quarta-feira, 25 de julho de 2007

Caraminguás

"O Diário [Carioca] pagou os caraminguás devidos por duas colaborações: "Canção oculta", de 28.XII.1952, e "Para esquecer", de 8.III.53. Por sinal que anda agora mais generoso, e elevou de 300 a 500 cruzeiros a tarifa de poesia. Em consequência do que, mando-lhe hoje pelo Banco Financial a importância de 800 cruzeiros. Quanto aos poemas anteriores, o pagamento deve ser feito por intermédio de um redator que até novembro do ano passado cuidava do suplemento. Não o procurei, porque será mais prático indicar-lhe a data de publicação dos dois trabalhos, e só tenho a do soneto "Abril" (29.VI.1952); quando saiu o "Retorno de Pasárgada"? (Já vê você que eu recorto todos os seus poemas e os guardo; ponho mesmo as datas respectivas, mas no "Retorno" me esqueci disso). (...) Nunca publique nada de graça, porque é um desaforo: jornais e revistas são empresas mercantis, e se aproveitam do nosso trabalho. Além disso, muitos escritores pobres necessitam desses adminículos (como dizia o nosso caro Arduíno), e se não cobrarmos pelo que publicamos eles terão dificuldade em fazê-lo. Não haverá nisso mercantilização da inteligência e muito menos da poesia, porque o ato da criação literária não ficará afetado. E ganhe seus cobrinhos suplementares, que não são de todo despiciendos nesta era de arroz vendido nas joalherias."


Carta de Carlos Drummond de Andrade a Abgar Renault. Excerto publicado no Suplemento mineiro de junho.

Um comentário:

Anônimo disse...

alguém gostaria de colaborar com alguma coisa? não vale muito, mas podia ajudar a pagar a conta da internet... e é sem compromisso!