terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Conto de folhetim: Parte IV - Aos pés de Ela ou Pa-ra-le-le-pí-pe-do

Os dois conversaram por um bom tempo, Ela não demorou a aceitar uma pinga para acompanhá-lo e ambos curtiram fascinados a descoberta um do outro. O simples fato de estarem lado a lado já era algo demais. Inexplicavelmente sentiam que juntos poderiam muito mais do que em suas míseras condições individuais. Fizeram planos, queriam conhecer o mundo juntos, e dali de dentro do bar passaram pela Índia, deram um pulo nas praias da Thailândia, voaram até as pequenas ilhas do Pacífico, jantaram em Nova York, tomaram um café em Paris, leram os jornais em Buenos Aires, assistiram a um concerto em Viena e, mais uma vez, entornaram uma bela pinga de Conceição de Ibitipoca naquele bar que era o mundo.
Finalmente saíram dali. E Ela disse de uma forma doce, acariciando o rosto de Jonas - Vou te levar para casa. Jonas sentiu-se incrivelmente confortável, e apenas suspirou num momento de alívio. Como era forte aquela frase para quem há muito não sabia onde era sua casa, aquele lugar para onde se quer voltar. Era o que precisava para ficar aos pés de Ela.


Andaram umas poucas quadras nas ruas de paralelepípedo e chegaram em casa. Não era propriamente uma casa, apenas uma idícula que Ela alugava nos fundos da casa de uma viúva. Pequena, não mais que sala, quarto e uma humilde cozinha, mas tudo arrumado com bastante charme. Acolhedora, esta é a palavra, principalmente com o sol de fim de tarde que iluminava as cortinas.
Ela preparou um café, colocou uma música para tocar e até ensaiou soltar a voz junto com as letras da música - "Sim, eu estou tão cansada, mas não pra dizer que eu estou indo embora, talvez eu volte (...) Eu não preciso de muito de dinheiro, graças a Deus! E não me importa, e não me importa a minha honey baby!" Jonas sorria, apenas ficou observando, apreciando.
Beijaram-se. E daí a tarde virou noite, que depois mais tarde morreu, e só para então por fim o dia nascer.

3 comentários:

Anônimo disse...

tudo ótimo, lindo,a narrativa muito bem feita, mas Marco, que música é essa???? Por favor, né?! Eu imploro, acha uma melhor! Até pq isso é música de boy de sampa, não de mulher de ... hum... conceição de sei lá o que! Ah, e espero um final bom, hein...
parabéns pelo texto!

Marco disse...

Não entendi a crítica sobre a música.
Gal Costa é música de "boy de sampa"?
Quem sabe em uma próxima coloco alguém cantarolando Schumann...
O final é o próximo. Também espero um bom.

Anônimo disse...

vc tem que aprender a lidar com críticas!essa última nem foi ataque pessoal, foi construtiva!