vinha a lua fazendo as nuvens aparecerem enquanto desaparecia, ao menos elas. as estrelas, elas se sentiam tímidas àquela hora de pouco escuridão, ao menos elas. a lua não estava cheia, nem as nuvens carregadas, nem as estrelas abundantes, ao menos elas, repeti. só podia vê-las, meu olho estava ali e dali não poderia se desprender. elas. preso ao chão não pôde se distrair do mistério que é o céu da noite, que já não lhe era mistério dos maiores, porquanto estivesse assentado sobre outros mistérios mais fortes. se os olhos não tinham a liberdade que lhes fora dada, mas que não necessariamente lhes era necessária, disso ao menos o resto não padecia, desconhecedor que era, envolvido que era. via a lua fazendo par com as estrelas, sentia as formas das nuvens e suas sombras, mas não enxergava nada do que lhe fazia as sombras e as penumbras e a luz nas quais buscava referência. enquanto desejava o desconhecido que lhe alimentava, brilhava-lhe o mistério das coisas. sabia dos pássaros, dos ventos e das chuvas, sabia. mas mal sabia do que lhe abraçava e movia-lhe as intenções. nem ao menos elas.
domingo, 11 de dezembro de 2005
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2 comentários:
Eu, nós, todos presos ao chão. E as estrelas nos lembrando sempre disso, da nossa incapacidade de flutuar como elas.
O texto passa também o contraste entre luz das estrelas e sombras na terra - é o mundo das sombras?
A foto caiu muito bem ao texto.
é uma visão interessante... pensei mais na coisa de você se ligar em mistério visíveis e nem se ligar no mistério que te envolve, sabe... você está deitado num enorme mistério, mas quer ir atrás do que está fora de você... além disso, há o mistério das mulheres, né...
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