tenho que as luzes eram laranja mesmo, ou tudo era do laranja que as luzes refletiam. um tempo antes não era para eu estar ali, nem era para ela estar comigo. mas o sorvete ainda não havia derretido. tenho quase que era laranja também. eu nem tinha muita fome mas o sorvete tinha muito sabor na boca dela, mesmo antes de comê-lo. penso que ali queria casar-lhe meus propósitos, ela de vestido laranja e buquê de flores amarelas e vermelhas, que serviam para todas, porque agora estava laranja e desejava que o mundo se colore também. e até creio que eram-lhe casados e esse instante se manteve na fotografia. mas fotografia só fica porque as luzes se apagam e porque as lembranças perdem cor. o sorvete derreteu com o laranja, as flores se foram com as luzes, eu ainda tenho esta fotografia.
sábado, 5 de novembro de 2005
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Um comentário:
Muito bom. Gostei muito da idéia da boca que já contém o sabor e que é lugar que vc quer casar os seus propósitos.
E o laranja é uma cor engraçada. É nome de cor, é nome de fruta, e ainda é cor que tem o peso do passado, do envelhecido, das lembranças dela.
Não vi a foto, não posso dizer muito. As lembranças perdem as cores, mas sempre ganham o laranja.
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