sexta-feira, 16 de março de 2007

Quesabemos: Claudinha

Metalinguagem

Metalinguagem consiste no ato de escrever um texto falando do próprio texto, fazer um filme tratando do filme.

Não, não podemos nos limitar a esses exemplos vagos de metalinguagem, até porque o seu verdadeiro significado ultrapassa a limitação do seu conceito e de seus exemplos.

Mas, vamos lá, escrever um texto sobre a “maneira de escrever um texto metalingüístico”...

Que metalinguagem expressa, não é? Acredita-se (acredito eu, na realidade), porém, que a regra número um para se escrever um bom texto metalingüístico é a de não torná-lo tão expresso, porque o interessante é que o leitor o analise e conclua diante das suas reflexões que se tratava, na realidade, de metalinguagem (“metalinguagem implícita”).

E por que não uma metalinguagem implícita que se relacione com o próprio leitor? Que o faça enquadrar a situação pela qual está vivendo ou já viveu com o texto que se dirigiu a ele? - Como? O texto se dirige ao leitor? Sim, pode-se entender que o texto chega àquele que precisa lê-lo no momento exato em que as questões tratadas naquele texto farão com que o leitor reflita e cresça. - A metalinguagem, neste caso, está no leitor e não no próprio texto.

Mas, será que a metalinguagem expressa também não pode causar esse efeito ao leitor?

Conclui-se que sim; a metalinguagem expressa também pode surtir muitos “efeitos positivos” ao leitor (*) (digo de outros textos metalingüísticos expressos e não deste texto).

Nota-se que a regra número um já foi contrariada...

E então, como se faz para escrever um bom texto metalingüístico, expresso ou não expresso, com “efeitos positivos”??

Aí está a resposta. Se a regra número um já foi de pronto contrariada é que, para se escrever um bom texto, não há regras a se seguir, não há uma forma certa ou errada, porque todas essas regras criam, na realidade, uma limitação. E o escritor limitado não criará textos com “efeitos positivos” e impossibilitará que o leitor “viaje” pelos mundos criados por ambos.

Não se limitar... Mas... Será que isso também não é uma regra?


(*) “Efeitos positivos”: não se pode confundir “efeitos positivos” com sentimento de felicidade e bem-estar instantâneos. Porque um texto bom pode causar um impacto no leitor que não seja, inicialmente, feliz. Aliás, o impacto pode causar no início uma situação de desconforto no leitor e inclusive gerar uma infelicidade, mas o texto pode auxiliá-lo a crescer, a enxergar questões que estavam escondidas por detrás de um véu negro que não lhe saía dos olhos.


Claudinha nunca publicou.

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