terça-feira, 4 de julho de 2006

um indigente


hoje parei
e discordo de mim
meu olhar e meu pensamento
fogem
fingem olhar e pensar
mas fogem

as lágrimas do meu sofrimento
secaram no vento que levou minha verdade
ao vale do esquecimento
e da miséria

não mereço o prêmio dos resolutos
e sentado nas rochas
olho o movimento do mar nas ondas
e penso
sou indigente de alvorecer
sem olhar e pensamento

sentado nas rochas da mentira
fujo do vento
e finjo um crepúsculo
minha única verdade

2 comentários:

Marco disse...

Muito bom, João. Para mim, um dos melhores. A foto é fantástica. As cores, a luz, as sombras, as silhuetas, o tracejado no chão, o ângulo de abertura da lente. Muito bonita mesmo. O poema também como um todo. Gosto principalmente da idéia de discordar de si mesmo; da idéia de estar sem verdade ou estar com a verdade de que não se tem verdade; e muito também do "indigente de alvorecer". Pobre sou eu! Vc tem as idéias!

João Pedro disse...

a foto foi com uma sony cybershot, era uma viela com váras lojas em bodrum, que terminava na marina, onde o sol estava se pondo. pena que eu nao tava com uma camera boa e nao pude aumentar a resolução, nao tem como imprimir, portanto. mas a visão era incrível. e depois escrevi o poema, que nem tinha sido para foto, só depois achei que encaixava.