terça-feira, 25 de julho de 2006

Su belleza

Su belleza fluctúa solitaria
Huyendo de mi y de lo que sé
En el espacio etéreo del Universo.

Su belleza suspendida y serena,
Libre de la Hoz y de las Fuentes,
Juega con el Tiempo siendo todo y distante.

La misma belleza que huye del concreto,
Se convierte en un agujero negro de la Nada
Y abriga la fuga de los desafortunados.

Allí no brotan las palabras de los Hombres.
Todavía se escapa el sonido de la Verdad,
Como el ruido original de la Creación.


P. Neruda

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Noite






É noite, sinto que é noite.
Não, querida. Olhe.

são paulo em cor-de-rosa


J.P. Cilli said...

ao agito cor-de-rosa
da trégua negra
camuflada
avança a cidade
um mendigo descansa sobre ti

segunda-feira, 17 de julho de 2006

sexta-feira, 14 de julho de 2006

reedições repensadas II


toque de recolher

- ouve só
- ...
- é isso, venceram
- eu ia ficar em casa mesmo
...
- escuta, de novo
- e daí?
- ...
- olha, vai começar a novela

neta hora

o relógio marca sete horas
ontem foi sete horas

a manhã sete horas
e tudo passa

passou um sonho
sonho sobrinho
sonho filho
era de não lugar

serei eu
será você
seremos canção?

a luz perturba
derruba
ladeira de enchente
água preta, de tronco e de bujão
de televisão e gente e rato
esgoto

era,
senão amanhã
ontem então
sabe?

o piso de taco antigo grita
vale quinze reais?
meu relógio sete horas
sempre tem razão

quinta-feira, 13 de julho de 2006

vento

se um dia levares de volta tudo que trazes
voltarás com paz ou guerras?
soprarás poeira nos olhos
ou limparás as casas?
e o cabelo que fazes esvoaçar
será bem visto pelos homens
e odiado pelas mulheres?
como a força que destelha
infla velas a cortar os mares
e a embalar o pescador
pode também remexer a flor d'água
como cardume de sardinhas
fugindo de um predador?
as nuvens que trazes
são as mesmas que levas?
ah, vento
se um dia compreender-te
apontarias Um caminho
a resposta do universo?

terça-feira, 11 de julho de 2006

reedições repensadas

vogal ou consoante vírgula interrogação

foi só subir?
foi lutar só?
só pegar o táxi
e fugir desse calor?

e lá peguei no frio
meu ônibus a tempo
meu pé tinha calo
de cair do muro só
de só brincar de fogo

ah, essas consoantes
lá no meio daquelas vogais
com toda aquela pontuação
quem serei eu quem será você
seremos nós interrogação

sexta-feira, 7 de julho de 2006

1 ANO!

Nosso querido QSEDQ completa um ano, leitores esquecidos. Cadê um texto triunfante de homenagem, comemoração?Não há. Faça você, leitor insatisfeito. Só não escancaro um concurso para não sofrer a vergonha de não ter nenhum texto submetido. Então fica assim, se vem um texto, abre-se um concurso. Se não, fica a piada.

terça-feira, 4 de julho de 2006

um indigente


hoje parei
e discordo de mim
meu olhar e meu pensamento
fogem
fingem olhar e pensar
mas fogem

as lágrimas do meu sofrimento
secaram no vento que levou minha verdade
ao vale do esquecimento
e da miséria

não mereço o prêmio dos resolutos
e sentado nas rochas
olho o movimento do mar nas ondas
e penso
sou indigente de alvorecer
sem olhar e pensamento

sentado nas rochas da mentira
fujo do vento
e finjo um crepúsculo
minha única verdade

segunda-feira, 3 de julho de 2006

XCIX - Fim

Otros días vendrán, será entendido
el silencio de plantas y planetas
y cuántas cosas puras pasarán!

pablo neruda
capítulo final – pandora

dissera-se que a vida das coisas ficara estúpida diante do homem... – não te assustes, disse ela, minha inimizade não mata; é sobretudo pela vida que se afirma. vives: não quero outro flagelo.
machado de assis

guiado pelo maître, sentei-me na frente de cecília, agradecendo a gentileza do funcionário. suspirei querendo olhar para cecília como quem vai cheio de saudades ao fundo da gaveta pela fotografia de sua amada. antes vi um papel dobrado em cima da mesa, na minha frente, que abri. não vi fotografia, não vi cecília: senão o Branco como nenhum branco já alcançado pelas retinas e pelas imaginações humanas. e se ali havia letras, não sei, estariam escondidas e eram desnecessárias. os olhos de cecília, sentia-os brancos, estou certo. seriam brancos assim que a vela se apagasse pelo sopro seco da eterna expectação. e ali viveria cecília a me iluminar, por um, dois, três, cem anos, um guardião em padecimento puro e silencioso.
o Branco foi se desfazendo em retalhos das cores que voltavam a se distinguir, ao passo que cecília ia desaparecendo e, completada a visão com ínfimos pedaços de cor, ela já não estava mais ali; uma situação embaraçosa, fiquei aturdido. um homem, talvez o garçom, me perguntava com uma voz impaciente se eu desejava alguma coisa, e repetia a pergunta insistentemente. eu, que tinha o rosto abaixado entre as mãos, levantei os olhos e vi uma porta abrindo, um amigo, como é, vou bater na porta até quando? levanta daí, disseram que se fica mais um minuto dentro deste quarto é capaz de enlouquecer.