quinta-feira, 18 de agosto de 2005

A saudade a termo

"Sinto saudades. Pouco mais de uma semana que não a vejo e trago comigo a impressão oscilante de quem não vê alguém querido há muitos anos.
Sentimento estranho a saudade... por vezes, somos capazes de passar anos a fio sem a presença de um amigo e não sentirmos, em absoluto, qualquer sentimento de incompletude. Em outras situações, como a que agora me acomete impiedosamente, sem mais nem por quê sentimos falta de alguém que, pelo malfadado ritmo do cotidiano em que vivemos, mal tivemos a oportunidade de conhecer. Momentos incompletos que se extraviaram nas linhas do dia-a-dia. É a saudade do que não foi.
Mas não posso reclamar da saudade. O seu paradoxo, em verdade, muito me atrai. Diria até que, no fundo, sentir saudades me faz bem.
Quando a vemos de frente, a saudade tende a castigar cada sentimento aflorado com relação ao que sentimos falta. Depois, no entanto, quando a enfrentamos, sentimos um certo prazer comedido, na esperança de que os caminhos da vida, vacilantes como as ondas do mar, encarreguem-se de um novo encontro. Para isso, basta um pequeno esforço de nossas partes. Esforço que não pode mais ser derruído pela “imperiosa-indigente” falta de tempo."

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

j.p. cilli, então utilize-se do padrão

marco, que sabemos nós?

liberdade cultural, identidade cultural...
não sei, mas tudo está tão enraizado.
hollywood mapeia os sonhos do mundo, não é?
e o orkut os relacionamentos! e o google as pesquisas!
depois as pessoas me desdenham, dizendo que sou velho...
não sei, mas tudo está tão modernizado, tão padronizado.
quando nasci já haviam inventado a liberdade e a identidade.
depois tentaram fazer a gente cambalear, e até cambaleamos.
mas a gente dá a volta por cima, não dá?
olha esse "blog" (blog talvez seja a palavra mais feia que eu já tenha ouvido), entende?
enfim, que sabemos nós se já nascemos assim?

terça-feira, 9 de agosto de 2005

j.p. cilli, que sei eu da cultura?

Sei que quero devorá-la até o último grão; bebê-la até a última gota
Para depois, depois vomitá-la.

Útil até que se consiga libertar-se dela.
Útil até que se possa criar a sua própria.

j.p. cilli questiona marco

até que ponto a cultura é útil?

domingo, 7 de agosto de 2005

Fugaz

Quando vejo, o agora já se foi
E agora?
Agora não há
Agora já se foi.
Não! Digo agora, agora-já!
Pronto, se foi de novo...

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

O Inevitável Silêncio


Não se viam há algum tempo, mas sentiam como se tivessem se encontrado ontem. Uma espécie de intimidade esquisita, que existia e não exisitia ao mesmo tempo. Talvez uma verdadeira cumplicidade.
Naquele momento, queriam simplesmente estar ao lado do outro, contar o que viveram, pensaram naqueles meses anteriores.
Ele, ansioso, passou dias só imaginando como seria mais uma conversa ao seu lado, olhar mais uma vez para aquele sorriso encantador.
Ela, curiosa, queria saber como se sentiria na presença dele, depois das fortes palavras em que ele revelou seu desejo por ela.
Conversavam, contavam casos, besteiras. Riam, se divertiam.
Admiravam o pôr-do-sol especialmente bonito naquele dia.
Até que se fez o inevitável silêncio quase constrangedor.
Se olhavam.
Ele. Ele praticamente a tocava com o olhar, queria tocá-la, brincar com seus cabelos, talvez beijá-la com carinho.
Ela. Ela se sentia feliz, afinal.
Já não sabia o que queria; talvez ser beijada.