quarta-feira, 7 de novembro de 2007

IV

hoje a noite veio lenta
e a aparente calma é carcomida num frêmito pela desenfreada atividade do novo turno dos animais,
e das plantas
e pela ignorância carregada na correnteza do riacho.
uma coruja grunhe ameaçadora, defensiva
ou simplesmente grunhe pelo hábito de grunhir.
uma estrela arranha o céu por cima do mercúrio dos postes de luz:
alguém pede que um santo mande chuva para vingar o milho plantado.
a clorofila coloca a fotossíntese de lado para despreocupadamente ver a lua se enganar
cheia como o rastro de um cavalo na terra batida,
milagrosamente sombreando as sombras
com uma luz esguia do gosto de um chá prematuro
onde se tem misturada quantidade insuficiente de açúcar mascavo.
os insetos se concentram,
pontilhando sem qualquer indício das suas sombras
o raro que há de luz,
escorregando-se no óleo de um quadro de Van Gogh.

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