quinta-feira, 22 de novembro de 2007

VII

hoje a tarde está indecisa como uma noiva incrédula
diante do anel inesperadamente desejado.
a luminosidade brilha em cada molécula da atmosfera
como o mistério,
os bloquetes da rua refletem o cinza luminescente do céu
onde se esconde o sol momentaneamente preterido pelo temporal sobranceiro.
o pássaro branco e preto tem também uma plumagem de um fraco pardo na nuca,
na nuca inquieta que espia a todo momento por baixo de portas inexistentes;
seu corpo se abaixa como um soldado entrincheirado para depois
logo depois
saltar numa pequena altura como quica uma bola de futebol;
caindo, bambeia o pequeno corpo aerodinâmico
levanta ora o rabo altivo
ora a cabeça
onde brilham seus olhos maquiados de dançarina árabe;
a chuva que ainda não veio ofusca e erra o contraste da sua coloração
mas não toca uma pena do seu canto de momentos misteriosos
nem de seus afazeres diuturnos em torno do ninho recém construído em cima do padrão que registra o consumo elétrico.

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