sábado, 26 de agosto de 2006

A origem da noite - nheengatu/português

Ipirungáua ramé inti maan pituna, ara anhó opaim ara pupê. Pituna okéri oikó y repipe. Inti mahá sooetá opaim mahá onheen.
Boiaussu membira ipahá oiumendare iepé curuminussu irumo. Quahá curuminussu orekó mossapira miassua caturetê.
Oiepé ara upé ocenoim mossapira miassua onheen aetá supé:
-- Pecoim peoatá, xeremirecó inti okéri putári ce irúmo.
Miaussua ossô ana.
Aramê ahê ocenoim xemirecó okéri arama ahê irúmo. Xemirecó ossuaxára:
-- Inti raim pituna.
-- Inti mahá pituna ara anhum.
-- Xe ruba orekó pituna. Rekéri putári ramé xe irumo remundu paimo ahé paraná rupi.
Ahé ocenoim mossapira miassua, xemirekó omundu aetá i ruba oca pýri. Ossó opiamo arama iepé tucumã rainha.
Aetá ocyca ramé Boiaussu oca upé, quahá omehee aetá oiepé tucumã rainha oiucikinau reté, onheen:
-- Kussukui ane rerassó tenhé curi pe pirári... Pepirári ramé pecanhyma curi.
Miassua ossó ana, ocenu teapu tucumã rainha pupé: ten-ten-ten-ten, xi-xi-xi-xi... Aicoreme teapu jaky sapo pupé baê onhengara pituna bo. Oatassaba ojepotámo igapucábo popyatã.
Assapyá nheranacábo xeretaetê aan amoiirê, apu cuaba aicoreme apó baê, nhemonoonga sui igara pupê paum monhanga tatá moycu breu oiucikináu rainha baê. Moputuna atãrupi opá.
Pituna semãorecô tukumã rainha suí. É nhé ui, ocamenduara mõ pupê, ocuabámo mojaboéra baê iraarõ angaetê okéri supê. Boiaussu membyra ucuara onheen:
-- Irabámo pituna; orossô é nhé arõ coema.
Tradução

No princípio não havia noite, somente dia todo o tempo. A noite adormecida estava no fundo do rio. Não havia animais, todas as coisas falavam.
A filha do Cobra-Grande, dizem, casou-se com um rapaz. Este rapaz tinha três excelentes criados.
Um dia ele chamou os três criados e lhes disse:
-- Ide passear, minha mulher não quer dormir comigo.
Os criados foram.
Então ele chamou sua mulher para dormir com ele. Sua mulher respondeu:
-- Ainda não é noite.
-- Não há noite, só dia.
-- O meu pai tem noite. Se quiseres dormir comigo manda buscá-la no rio.
Ele chamou os três criados, sua mulher os mandou à casa de seu pai. Foram buscar um caroço de tucumã.
Quando eles chegaram na casa do Cobra-Grande, este lhes deu um caroço de tucumã bem fechado e disse:
-- Aqui está, levai, mas não o abri... Se o abrirdes, perdê-lo-eis.
Os criados foram, e ouviram o som dentro do caroço de tucumã: ten-ten-ten-ten, xi-xi-xi-xi... Era o barulho dos grilos e sapos dos que cantavam noite pela. A viagem continuaram remando forte.
De repente não mais suportando a curiosidade, para saber que barulho era aquele, reuniram-se no meio da canoa, fizeram fogo e derreteram o breu que fechava o caroço... Tudo escureceu violentamente.
A noite tinha saído de dentro do caroço de tucumã. Nesse instante, longe, lá na cabana nupcial, os que esperavam as sombras para dormir souberam que o caroço fora aberto. A filha do Cobra-Grande, ofegante, disse:
-- Eles soltaram a noite; vamos agora esperar o amanhecer.
Fonte e outros textos em nheengatu/português: http://www.tupi.cafewiki.org/index.php?nheengatu%3A%20textos

5 comentários:

Anônimo disse...

Que será que ela quis dizer com "vamos agora esperar o amanhecer"?

moi, je suis...bizarre disse...

marco
caiu rousseau e hobbes. Sera que isso é bom? Ah, caiu fragmentacao do sistema partidario brasileiro. isso é péssimo.
+)
Ale

Anônimo disse...

vamos esperar o amanhecer... intrigante.
muitas coisas podem acontecer no alvorecer.

João Pedro disse...

ou até lá...

Anônimo disse...

ou até lá.