terça-feira, 30 de outubro de 2007

II

hoje o sol se foi lógico pelas banhas da terra
e em grito de agradecimento esticado
quase esquecido
esfrega uns laranjas no dorso das nuvens que o acompanharam,
como muros esquecidos na esperança patriótica da malograda copa do mundo.
as que ficam para leste vão monstruosamente asfálticas em direção norte,
sublimes
sustentáculos da frustração de águas que mal consigo prender nas mãos conchegadas.
as andorinhas se embaralham frenéticas entre o laranja, o azul e o cinza,
dezenas de pequenas agulhas
cosendo o firmamento em aparente desordem,
guiadas por algum conhecimento milenar do batente que as esperavam.
o horizonte diminui-se por listras horizontais brancas, amarelas, rebocadas, cerâmicas,
e combina-se perfeitamente com eucaliptos, mangueiras e outras árvores de identidade desconhecida.
as crianças que fui ontem brincam com a brita, a areia e os pedaços de vergalhões sobrados da reforma
e gigantes esqueletos metálicos sustentam as teias de alta tensão da companhia de energia elétrica.

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