segunda-feira, 12 de novembro de 2007

V

hoje veio com as partículas do sul e do chão
o frio;
e o sol, que penetrado na transparência oblíqua da manhã termina refratando na cidadela aracnídea do beiral,
relativizou-se:
foi só calor por onde andava desinibido;
mas por trás das sombras
dos telhados, das caixas d’água, das antenas parabólicas
dos pardais gorduchos
a grama tem seus verdes cristalizados pelo orvalho
e no outro lado do muro descansam calmamente as samambaias.
o pássaro branco-e-preto – cujo ninho
se descabela num vértice elétrico,
ameaçado pelos bandos de pardais cruzando o espaço inferior às andorinhas em ronronares alados de gatos caseiros,
sobre as vagas raivosas dos cães presos,
sob o olhar distraído do companheiro – trota veloz
e indeciso entre a rua e a calçada,
pulando por sobre seu reflexo na poça d’água
onde cria pequenas ondas circulares de sede
e avoa quando se aproxima um caminhão de terra.

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